Os acadêmicos do quinto período do curso de Licenciatura em Matemática promoveram uma noite de apresentações voltadas à reflexão crítica sobre as realidades e os desafios enfrentados pela Educação Indígena e Quilombola.
A atividade integrou a programação da disciplina Teorias Educacionais e Curriculares, sob a orientação da professora Ana Cristina Quintanilha Schreiber, e contou com a presença de convidados especiais. Os relatos apresentados, marcados por momentos de emoção, contribuíram significativamente para a sensibilização dos estudantes e para o aprofundamento das discussões em torno das temáticas abordadas.
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Educação Indígena em destaque
O grupo responsável por abordar a educação indígena apresentou um panorama abrangente da temática, destacando aspectos legais, como o direito à educação diferenciada e as licenciaturas indígenas. Foram também apresentados dados estatísticos sobre matrículas e número de professores indígenas em atuação no estado de Santa Catarina.
A apresentação enfatizou os pilares que sustentam a educação indígena: a valorização dos saberes tradicionais, o respeito à cultura e aos idiomas originários e a construção de currículos específicos que dialoguem com as realidades de cada povo.
Um dos momentos mais impactantes da noite foi a participação, por meio de áudios, vídeos e imagens, do professor Gustavo, que há 14 anos leciona Matemática na Escola Indígena Karaí Arandu, localizada na Aldeia Cantagalo (Guarani Mbyá), em Viamão (RS). Em seus relatos, ele compartilhou o cotidiano da comunidade escolar, os desafios da prática docente e o compromisso com uma educação que respeita a identidade e a história dos povos originários.
Educação Quilombola e ancestralidade
Outro grupo de estudantes trouxe à tona a realidade da educação quilombola, contextualizando a formação histórica dos quilombos e a resistência das comunidades remanescentes até os dias atuais. A apresentação destacou a importância de uma educação que valorize a ancestralidade africana, os saberes tradicionais e as relações comunitárias.
Foram compartilhados dados sobre matrículas e formação docente, além de análises de currículos que buscam integrar a cultura, a história e as práticas sociais das comunidades quilombolas ao ensino formal.
Participações especiais
A noite foi enriquecida com a presença de Luciana Gonçalves Mina, Coordenadora da Educação Escolar Quilombola do município de Araranguá, e do professor de Ciências Humanas Josias Pavini de Oliveira, ambos atuantes na Comunidade Quilombola Maria Rosalina. Os convidados compartilharam experiências de sala de aula, saberes comunitários e reflexões sobre a importância do pertencimento e da identidade cultural na construção do conhecimento.
As apresentações foram marcadas pela sensibilidade, pelo compromisso acadêmico e pela valorização das vozes que historicamente foram silenciadas. Para os futuros professores, a atividade foi mais do que uma exigência curricular: foi uma oportunidade de refletir sobre o papel social da educação e sobre a necessidade de práticas pedagógicas que respeitem e dialoguem com a diversidade.
A noite encerrou-se com aplausos e a certeza de que a formação docente precisa estar comprometida com a equidade, o respeito e o reconhecimento de todas as culturas que compõem o Brasil.